quinta-feira, 21 de julho de 2016

A Semana da Arte Moderna 1922

A semana da Arte Moderna 1922
Regionais: Di Cavalcanti e Vicente do Rego;
Nacionais: Anita Malfatti e Tarsila do Amaral;
Universais: Victor Brecheret, Lasar Segall e Oswald Goeldi;
Música: Heitor Villa-Lobos e Guiomar Novaes;
Arquitetura: Antônio Garcia Moya

A Semana de Arte Moderna ocorreu no Teatro Municipal de São Paulo, em 1922, tendo como objetivo mostrar as novas tendências artísticas que já vigoravam na Europa. Esta nova forma de expressão não foi compreendida pela elite paulista, que era influenciada pelas formas estéticas europeias mais conservadoras. O idealizador deste evento artístico e cultural foi o pintor Di Cavalcanti.

Di Cavalcanti
Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Melo, mais conhecido como Di cavalcanti, foi um importante pintor, caricaturista e ilustrador brasileiro. 

 Di Cavalcanti: um dos grandes pintores e ilustradores brasileiros (fonte da foto: www.dicavalcanti.com.br)

Biografia

ž- Di Cavalcanti nasceu na cidade do Rio de Janeiro, em 6 de setembro de 1897.
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- Desde jovem demonstrou grande interesse pela pintura. Com onze anos de idade teve aulas de pintura com o artista Gaspar
Puga Garcia.
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- Seu primeiro trabalho como caricaturista foi para a revista
Fon-Fon, no ano de 1914.

ž- Participou do Primeiro Salão de Humoristas em 1916.
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- Mudou para a cidade de São Paulo em 1917.
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- Em 1917, fez a primeira exposição individual para a revista "A Cigarra".
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- No ano de 1919, fez a ilustração do livro 
Carnaval de Manuel Bandeira.
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- Participou da 
Semana de Arte Moderna de 1922, expondo 11 obras de arte e elaborando a capa do catálogo.
ž- Em 1923, foi morar em Paris como correspondente internacional do jornal Correio da Manhã. Retornou para o Brasil dois anos depois e foi morar na cidade do Rio de Janeiro.
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- Em 1926, fez a ilustração da capa do livro 
O Losango de Cáqui de Mário de Andrade. Neste mesmo ano participa como ilustrador e jornalista do jornal Diário da Noite.
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- Em 1927, colaborou como desenhista no Teatro de Brinquedo.
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- Em 1928, filiou-se ao Partido Comunista do Brasil.
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- Em 1934, foi morar na cidade de Recife
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ž- Morou na Europa novamente entre os anos de 1936 e 1940.
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- Em 1937, recebeu medalha de ouro pela decoração do Pavilhão da Companhia Franco-Brasileira.
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- Em 1938, trabalhou na rádio francesa
Diffusion Française.
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- Em 1948, faz uma exposição  individual de retrospectiva no IAB de São Paulo.
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- Em 1953, foi premiado, junto com o pintor 
Alfredo Volpi, como melhor pintor nacional na II Bienal de São Paulo.
ž- Em 1955, publicou um livro de memórias com o título de Viagem de minha vida.
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- Recebeu o primeiro prêmio, em 1956, na Mostra de Arte Sacra (Itália).
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- Em 1958, pintou a Via-Sacra para a catedral de Brasília.
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- Em 1971, ocorreu a retrospectiva da obra de Di Cavalcanti no Museu de 
Arte Moderna de São Paulo.
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- Morreu em 26 de outubro de 1976 na cidade do Rio de Janeiro.
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Estilo artístico e temática
ž- Seu estilo artístico é marcado pela influência do expressionismo, cubismo e dos muralistas mexicanos (Diego Rivera, por exemplo).
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- Abordou temas tipicamente brasileiros como, por exemplo, o 
samba. O cenário geográfico brasileiro também foi muitoi retratado em suas obras como, por exmeplo, as praias.
ž- Em suas obras são comuns os temas sociais do Brasil (festas populares, operários, as favelas, protestos sociais, etc).
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- Estética que abordava a sensualidade tropical do Brasil, enfatizando os diversos tipos femininos.
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- Usou as cores do Brasil em suas obras, em conjunto com toques de sentimentos e expressões marcantes dos personagens retratados.

Principais obras de Di Cavalcanti
 Pierrete - 1922

 Pierrot - 1924

 Samba - 1925

 Samba - 1928

 Mangue - 1929

 Cinco moças de Guaratinguetá - 1930

 Mulheres com frutas - 1932

 Família na praia - 1935

 Vênus - 1938

 Ciganos - 1940

 Mulheres protestando - 1941

 Arlequins - 1943

 Gafieira - 1944

 Colonos - 1945

 Abigail - 1947

 Aldeia de Pescadores - 1950

 Nu e figuras - 1950

 Retrato de Beryl - 1955

 Tempos Modernos - 1961

 Tempestade - 1962

 Duas Mulatas - 1962

 Músicos - 1963

 Ivette - 1963

 Rio de Janeiro Noturno - 1963

 Mulatas e pombas - 1966

 Baile Popular - 1972

Arte Moderna 
OEm um período repleto de agitações, os intelectuais brasileiros se viram em um momento em que precisavam abandonar os valores estéticos antigos, ainda muito apreciados em nosso país, para dar lugar a um novo estilo completamente contrário, e do qual, não se sabia ao certo o rumo a ser seguido. 
No Brasil, o descontentamento com o estilo anterior foi bem mais explorado no campo da literatura, com maior ênfase na poesia. Entre os escritores modernistas destacam-se: Oswald de Andrade, Guilherme de Almeida e Manuel Bandeira. Na pintura, destacou-se Anita Malfatti, que realizou a primeira exposição modernista brasileira em 1917. Suas obras, influenciadas pelo cubismo, expressionismo e futurismo, escandalizaram a sociedade da época.

Oswald de Andrade

Guilherme de Almeida

Manuel Bandeira

Anita Malfatti
 Anita Malfatti (com 30 anos de idade): importante artista plástica brasileira

Anita Malfatti foi uma importante e famosa artista plástica (pintora e desenhista) brasileira. Nasceu na cidade de São Paulo, no dia 2 de dezembro de 1889 e faleceu na mesma cidade, em 6 de novembro de 1964.

Vida e obra
Anita Malfatti era filha de Bety Malfatti (norte-americana de origem alemã) e pai italiano. Estudou pintura em escolas de arte na Alemanha e nos Estados Unidos (estudou na Independent School of Art em Nova Iorque). Em sua passagem pela Alemanha, em 1910, entrou em contato com o expressionismo, que a influenciou muito. Já nos Estados Unidos teve contato com o movimento modernista.
Em 1917, Anita Malfatti realizou uma exposição artística muito polêmica, por ser inovadora, e ao mesmo tempo revolucionária. As obras de Anita, que retratavam principalmente os personagens marginalizados dos centros urbanos, causou desaprovação nos integrantes das classes sociais mais conservadoras.
Em 1922, junto com seu amigo Mario de Andrade, participou da Semana de Arte Moderna. Ela fazia parte do Grupo dos Cinco, integrado por Malfatti, Mario de Andrade, Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade e Menotti del Picchia.


Entre os anos de 1923 e 1928 foi morar em Paris. Retornou à São Paulo em 1928 e passou a lecionar desenho na Universidade Mackenzie até o ano de 1933. Em 1942, tornou-se presidente do Sindicato dos Artistas Plásticos de São Paulo. Entre 1933 e 1953, passou a lecionar desenho nas dependências de sua casa.  

Principais obras de Anita Malfatti 
  A boba

 As margaridas de Mário

 Natureza Morta - objetos de Mário

 A Estudante Russa

 O homem das sete cores

 O homem amarelo

 Nu Cubista

 A Chinesa

 Arvoredo

 Interior de Mônaco


Monteiro Lobato não poupou críticas à pintora, contudo, este episódio serviu como incentivo para a realização da Semana de Arte Moderna. 

Teatro Municipal de São Paulo: palco da Semana de Arte Moderna

Monteiro Lobato

Como foi
OA Semana, realizada entre 11 e 18 de fevereiro de 1922, foi a explosão de ideias inovadoras que aboliam por completo a perfeição estética tão apreciada no século XIX. Os artistas brasileiros buscavam uma identidade própria e a liberdade de expressão; com este propósito, experimentavam diferentes caminhos sem definir nenhum padrão. Isto culminou com a incompreensão e com a completa insatisfação de todos que foram assistir a este novo movimento. Logo na abertura, Manuel Bandeira, ao recitar seu poema Os sapos, foi desaprovado pela plateia através de muitas vaias e gritos. 

Os Sapos

Manuel Bandeira

Os Sapos Enfunando os papos,
Saem da penumbra,
Aos pulos, os sapos.
A luz os deslumbra.

Em ronco que aterra,
Berra o sapo-boi:
- "Meu pai foi à guerra!"
- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!".

O sapo-tanoeiro,
Parnasiano aguado,
Diz: - "Meu cancioneiro
É bem martelado.

Vede como primo
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.

O meu verso é bom
Frumento sem joio.
Faço rimas com
Consoantes de apoio.

Vai por
cinquüenta anos
Que lhes dei a norma:
Reduzi sem danos
A fôrmas a forma. 

Clame a saparia
Em críticas céticas:
Não há mais poesia,
Mas há artes poéticas..."

Urra o sapo-boi:
- "Meu pai foi rei!"- "Foi!"
- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!".

Brada em um assomo
O sapo-tanoeiro:
- A grande arte é como
Lavor de joalheiro.

Ou bem de estatuário.
Tudo quanto é belo,
Tudo quanto é vário,
Canta no martelo".

Outros, sapos-pipas
(Um mal em si cabe),
Falam pelas tripas,
- "Sei!" - "Não sabe!" - "Sabe!".

Longe dessa grita,
Lá onde mais densa
A noite infinita
Veste a sombra imensa; 

Lá, fugido ao mundo,
Sem glória, sem fé,
No perau profundo
E solitário, é

Que soluças tu,
Transido de frio,
Sapo-cururu
Da beira do rio...


Embora tenha sido alvo de muitas críticas, a Semana de Arte Moderna só foi adquirir sua real importância ao inserir suas ideias ao longo do tempo. O movimento modernista continuou a expandir-se por divulgações através da Revista Antropofágica e da Revista Klaxon, e também pelos seguintes movimentos: Movimento Pau-Brasil, Grupo da Anta, Verde-Amarelismo e pelo Movimento Antropofágico. 
 Todo novo movimento artístico é uma ruptura com os padrões utilizados pelo anterior, isto vale para todas as formas de expressões, sejam elas através da pintura, literatura, escultura, poesia, etc. Ocorre que nem sempre o novo é bem aceito, isto foi bastante evidente no caso do Modernismo, que, a principio, chocou por fugir completamente da estética europeia tradicional que influenciava os artistas brasileiros.

Curiosidades sobre a Semana de Arte Moderna:
ODurante a leitura do poema "Os Sapos", de Manuel Bandeira (leitura feita por Ronald de Carvalho) , o público presente no Teatro Municipal fez coro e atrapalhou a leitura, mostrando desta forma a desaprovação.
No dia 17 de fevereiro, Villa-Lobos fez uma apresentação musical. Entrou no palco calçando num pé um sapato e em outro um chinelo. O público vaiou, pois considerou a atitude futurista e desrespeitosa. Depois, foi esclarecido que Villa-Lobos entrou desta forma, pois estava com um calo no pé.

Villa-Lobos

Heitor Villa-Lobos se tornou conhecido como um revolucionário que provocava um rompimento com a música acadêmica no Brasil. As viagens que fez pelo interior do país influenciaram suas composições. Entre elas, destacam-se: "Cair da Tarde", "Evocação", "Miudinho", "Remeiro do São Francisco", "Canção de Amor", "Melodia Sentimental", "Quadrilha", "Xangô", "Bachianas Brasileiras", "O Canto do Uirapuru", "Trenzinho Caipira".
 Heitor Villa-Lobos

Composições

Em 1903, Villa-Lobos terminou os estudos básicos no Mosteiro de São Bento. Costumava juntar-se aos grupos de choro, tocando violão em festas e em serenatas. Conheceu músicos famosos como Catulo da Paixão Cearense, Ernesto Nazareth, Anacleto de Medeiros e João Pernambuco.
No período de 1905 a 1912, Villa-Lobos realizou suas famosas viagens pelo norte e nordeste do país. 
Ficou impressionado com os instrumentos musicais, as cantigas de roda e os repentistas. Suas experiências resultaram, mais tarde, em "O Guia Prático", uma coletânea de canções folclóricas destinadas à educação musical nas escolas.
Em 1915, Villa-Lobos realizou o primeiro concerto com suas composições. Nessa época, já havia composto suas primeiras peças para violão "Suíte Popular Brasileira", peças para música de câmara, sinfonias e os bailados "Amazonas" e "Uirapuru". 
Villa-Lobos – seleção do Guia Prático (1984)

Lado A
Arranjos de Guerra-Peixe
1 Castelo
2
, ,
3 Carneirinho, carneirão
4 Machadinha
5 Pai Francisco
6 Rosa Amarela
7 Que lindos olhos!
8 Vida Formosa
9
Sambalêlê
10 Constante
11 Ó sim!
12 A cotia
13 Bela Pastora
14 Na Corda da viola

Lado B
1 O Anel
2 Capelinha de Melão
3 Cai, Cai, Balão (solo Cecília Valle) e
Bambalalão
4 Sapo Jururu
5 Caranguejo
6 A Gatinha Parda
7 Formiguinha
8 Candeeiro
9 Nesta Rua (solo Ana Gabriela Aranha de Macedo)
10 Anquinhas
11 O Cravo Brigou com a Rosa
12 Terezinha de Jesus
13
Nigue-Ninhas
14 Viuvinha da Banda d’Além
15 Senhora Viúva
16 Ó Limão
17 Meu Benzinho
18 Na Mão Direita
19 Uma, Duas Angolinhas


A crítica considerava seus concertos modernos demais. Mas à medida que se apresentava no Rio e São Paulo, ganhava notoriedade.
Em 1919, apresentou-se em Buenos Aires, com o Quarteto de Cordas no 2. Nasemana da Arte Moderna de 1922, o aceitou participar dos três espetáculos no Teatro Municipal de São Paulo, apresentando, entre outras obras, "Danças Características Africanas" e "Impressões da Vida Mundana".
Em 30 de junho de 1923, Villa-Lobos viajou para Paris com recursos obtidos graças a projeto aprovado pela Câmara dos Deputados. Um grupo de amigos e os irmãos Guinle também se propuseram a subvencionar sua estada na Europa. Com o apoio do pianista Arthur Rubinstein e da soprano Vera Janacópulos, Villa-Lobos foi apresentado ao meio artístico parisiense e suas apresentações fizeram sucesso.
Retornou ao Brasil em final de 1924. 
Em 1927, voltou à Paris com sua esposa Lucília Guimarães, para fazer novos concertos e iniciar negociações com o editor Max Eschig. Três anos depois, voltou ao Brasil para realizar um concerto em São Paulo. Acabou por apresentar seu plano de Educação Musical à Secretaria de Educação do Estado de São Paulo.
Em 1931, o maestro organizou uma concentração orfeônica chamada "Exortação Cívica", com 12 mil vozes.
Após dois anos assumiu a direção da Superintendência de Educação Musical e Artística. A partir de então, a maioria de suas composições se voltou para a educação musical. Em 1932, o presidente Vargas tornou obrigatório o ensino de canto nas escolas e criou o Curso de Pedagogia de Música e Canto. Em 1933, foi organizada a Orquestra Villa-Lobos.
Villa-Lobos apresentou seu plano educacional, em 1936, em Praga e depois em Berlim, Paris e Barcelona.
Escreveu à sua esposa Lucília pedindo a separação, e assumiu seu romance com Arminda Neves de Almeida, que se tornou sua companheira. De volta ao Brasil, regeu a ópera "Colombo" no Centenário de Carlos Gomes e compôs o "Ciclo Brasileiro" e o "Descobrimento do Brasil" para o filme do mesmo nome produzido por Humberto Mauro, a pedido de Getúlio Vargas.
Em 1942, quando o maestro Leopold Stokowski e a The American Youth Orchestra foram designados pelo presidente Roosevelt para visitar o Brasil O maestro Stokowski realizou concertos no Rio de Janeiro e solicitou a Villa-Lobos que selecionasse os melhores músicos e sambistas, a fim de gravar a Coleção Brazilian Native Music. 
Villa-Lobos reuniu Pixinguinha, Donga, João da Baiana, Cartola e outros, que sob sua batuta realizaram apresentações e gravaram a coletânea de discos, pela Columbia Records.
Em 1944/45, Villa-Lobos viajou aos Estados Unidos para reger as orquestras de Boston e de Nova York, onde foi homenageado. Em 1945 fundou a Academia Brasileira de Música. Dois anos antes de sua morte, o maestro compôs "Floresta do Amazonas"para a trilha de um filme da Metro Goldwyn Mayer.
Realizou concertos em Roma, Lisboa, Paris, Israel, além de marcar importante presença no cenário musical latino-americano.
Praticamente residindo nos EUA entre 1957 e 1959, Villa-Lobos retornou ao Brasil para as comemorações do aniversário do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Com a saúde abalada, foi internado para tratamento e veio a falecer em novembro de 1959.


Vicente do Rego Monteiro
 A Crucifixão - 1922 

Biografia
}Vicente do Rego Monteiro (Recife PE 1899 - idem 1970). Pintor, escultor, desenhista, ilustrador, artista gráfico. Inicia estudos artísticos em 1908, acompanhando sua irmã Fedora do Rego Monteiro (1889 - 1975) em cursos da Escola Nacional de Belas Artes - Enba, no Rio de Janeiro. Em 1911, viaja com a família para França, onde freqüenta as Academias Colarossi, Julian e de La Grande Chaumière. Participa do Salon des Indépendants, em 1913, do qual se torna membro societário. Em Paris, mantém contato com Amedeo Modigliani (1884 - 1920), Fernand Léger (1881 - 1955), Georges Braque (1882 - 1963), Joán Miró (1893 - 1983), Albert Gleizes (1881 - 1953), Jean Metzinger (1883 - 1956) e Louis Marcoussis (1883 - 1941). No início da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), deixa a França, com sua família, e se estabelece no Rio de Janeiro, em 1915.
}Em 1918, realiza a primeira individual, no Teatro Santa Isabel, no Recife, e dois anos mais tarde expõe pela primeira vez em São Paulo, onde entra em contato com  Di Cavalcanti (1897 - 1976)Anita Malfatti (1889 - 1964)Pedro Alexandrino (1856 - 1942) e Victor Brecheret (1894 - 1955).  Em 1920, estuda a arte marajoara das coleções do Museu Nacional da Quinta da Boa Vista. Movido por uma grande paixão pela dança, realiza em 1921 o espetáculo Lendas, Crenças e Talismãs dos Índios do Amazonas, no Teatro Trianon, Rio de Janeiro, elogiado pelo poeta e crítico Ronald de Carvalho (1893 - 1935). Viaja para França, deixando oito óleos e aquarelas para serem expostos na Semana de Arte Moderna de 1922, em São Paulo. Em 1923, faz desenhos de máscaras e figurinos para o balé Legendes Indiennes de L'Amazonie. Integra-se ao grupo de artistas da galeria e revista L´Effort Moderne, de Leonce Rosemberg.
}Traz ao Brasil a exposição A Escola de Paris, exibida no Recife, São Paulo e Rio de Janeiro. Decora a Capela do Brasil no Pavilhão Vaticano da Exposição Internacional de Paris, em 1937. Em 1946, funda a Editora La Presse à Bras, dedicada à publicação de poesias brasileiras e francesas. A partir 1941, publica seus primeiros versos, Poemas de Bolso, organiza e promove vários salões e congressos de poesia no Brasil e na França. Retorna ao Brasil, e dá aulas de pintura na Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Pernambuco - UFPE, em 1957 e 1966. Em 1960, recebe o Prêmio Guillaume Apollinaire pelos sonetos reunidos no livro Broussais - La Charité. Entre 1966 e 1968, dá aulas no Instituto Central de Artes da Universidade de Brasília - UnB.

Comentário Crítico
}Vicente do Rego Monteiro nasce no Recife e muda-se para o Rio de Janeiro em 1908. Nesse ano inicia os estudos artísticos, acompanhando a irmã Fedora do Rego Monteiro (1889 - 1975) na Escola Nacional de Belas Artes - Enba. Em 1911, a família muda-se para Paris, onde o artista freqüenta os cursos livres da Académie Colarossi e estuda desenho, pintura e escultura nas Académies Julien e La Grande Chaumière. Volta ao Rio de Janeiro em 1915, devido à Primeira Guerra Mundial (1914-1918). No início da carreira, dedica-se brevemente à escultura. Em 1920, realiza exposição de desenhos e aquarelas, apresentada em São Paulo, Rio de Janeiro e Recife. Nessa mostra, já revela o interesse pelas lendas e costumes da Amazônia, que se tornam inspiração para grande parte de suas obras. Estuda atentamente as coleções de cerâmica marajoara do Museu Nacional da Quinta da Boa Vista. 
}Nesse período estabelece contato com artistas ligados ao movimento modernista: Anita Malfatti (1889 - 1964)Victor Brecheret (1894 - 1955) e Di Cavalcanti (1897 - 1976). Viaja para a França em 1921 e deixa algumas pinturas com o crítico e poeta Ronald de Carvalho (1893 - 1935), que decide incluí-las na seleção de obras expostas na Semana de Arte Moderna, de 1922. No início da década de 1920, produz aquarelas nas quais representa lendas indígenas, recorrendo à figuração geométrica e também à ornamentação da cerâmica marajoara, como em Mani Oca e O Boto (ambas de 1921). Retorna nesse ano a Paris, onde convive com os artistas Victor Brecheret e Antonio Gomide (1895 - 1967), com os quais compartilha o interesse pelas estilizações formais do art deco. Na obra A Caçada (1923) o pintor utiliza o recurso de estilização das figuras, que apresentam certa tensão muscular e assumem o aspecto de engrenagens, tendo as obras de Fernand Léger (1881 - 1955) como parâmetro.
 Mani Oca (1921)

 }Preocupado em adaptar temas tradicionais da arte sacra a uma linguagem moderna produz Pietá (1924), a qual se destaca pela aparência plástica de relevo e pelo uso de uma gama cromática reduzida, recorrente em sua obra: nuances de ocre, cinza e marrom. O quadro A Crucifixão (1924) apresenta dramáticos efeitos de claro-escuro e é estruturado por meio do rigoroso jogo de linhas horizontais e verticais. Na obra A Santa Ceia (1925) as figuras remetem à arte egípcia e o espaço é ordenado por seções geométricas. Nessa obra, os tons neutros, trabalhados em leves gradações, conferem ao quadro caráter bidimensional.
}O artista revela preocupação com o tema social em Os Calceteiros (1924), mais especificamente com o mundo dos trabalhadores. Dedica-se também às figuras de crianças, muitas vezes representadas ao lado de animais, como em O Menino e os Bichos (1925).
}
 Pietá (1924)



 

A Santa Ceia (1925)

 O Menino e os Bichos (1925)

 Os Calceteiros (1924)

}Realizada no mesmo ano, a tela O Urso é construída por meio de linhas curvas, que se dispõem ritmicamente no espaço e revelam a admiração pelas formas orgânicas e sintéticas do escultor romeno Constantin Brancusi (1876 - 1957). Já em O Atirador de Arco (1925), inspira-se na representação do índio realizada anteriormente por Debret (1768 - 1848). Nessa obra as tensões criadas pela envergadura do arco ecoam em uma sucessão de ondas, em espaço próximo ao do relevo.
}Como nota o historiador Walter Zanini, a década de 1920 foi o período mais produtivo do artista. Na década seguinte, afasta-se da pintura e dedica-se principalmente à ilustração. Em 1930, traz para o Recife uma exposição de artistas da Escola de Paris, que inclui, entre outros, quadros de Pablo Picasso (1881 - 1973), Georges Braque (1882 - 1963), Joan Miró (1893 - 1983), Gino Severini (1883 - 1966), Fernand Léger e suas próprias obras. 
 O Urso

 O Atirador de Arco (1925)
}Essa exposição é importante por ser a primeira mostra internacional de arte moderna realizada no Brasil, com artistas ligados às grandes inovações nas artes plásticas, como o cubismo e o surrealismo. Ao ser apresentada em São Paulo, a mostra foi acrescida de telas de Tarsila do Amaral (1886 - 1973), que o artista conhecera em Paris na década anterior.
}Rego Monteiro, ao longo da carreira, alterna temporadas entre o Brasil e a França. Elabora a parte gráfica e realiza ilustrações para as revistas Renovação e Fronteiras. Poeta e tradutor, incentiva jovens escritores publicando seus textos nessas revistas. A partir da década de 1950, volta a dedicar-se com maior intensidade à pintura, tornando mais constantes em suas obras temas regionais como, em O Vaqueiro (ca.1963) e O Aguardenteiro (fim da década de 1950). Mantém-se fiel à fatura do início da carreira, utilizando grande simplificação formal e uma gama cromática reduzida, às quais alia interpretação monumental do art deco. No fim de sua vida, destaca-se a sua importante atuação como professor de pintura na Escola Nacional de Belas Artes da Universidade Federal de Pernambuco, no Recife, atividade que exerce de 1957 a 1966.

 O Aguardenteiro  (1950)

Tarsila do Amaral
 Tarsila do Amaral: uma das principais representantes do modernismo brasileiro

Tarsila do Amaral foi uma das mais importantes pintoras brasileiras do movimento modernista. Nasceu na cidade de Capivari (interior de São Paulo), em 1 de setembro de 1886.

Biografia resumida
Na adolescência, Tarsila estudou no Colégio Sion, localizado na cidade de São Paulo, porém, completou os estudos numa escola de Barcelona (Espanha). 

Desde jovem, Tarsila demonstrou muito interesse pelas artes plásticas. Aos 16 anos, pintou seu primeiro quadro, intitulado Sagrado Coração de Jesus.

Em 1906, casou-se pela primeira vez com André Teixeira Pinto e com ele teve sua única filha, Dulce. Após se separar, começa a estudar escultura.
Somente aos 31 anos começou a aprender as técnicas de pintura com Pedro Alexandrino Borges (pintor, professor e decorador). 

Em 1920, foi estudar na Academia Julian (escola particular de artes plásticas) na cidade de Paris. Em 1922, participou do Salão Oficial dos Artistas da França, utilizando em suas obras as técnicas do cubismo.

Retornou para o Brasil em 1922, formando o "Grupo dos Cinco", junto com Anita Malfatti, Mario de Andrade, Oswald de Andrade e Menotti Del Picchia. Este grupo foi o mais importante da Semana de Arte Moderna de 1922.

Em 1923, retornou para a Europa e teve contatos com vários artistas e escritores ligados ao movimento modernista europeu. Entre as décadas de 1920 e 1930, pintou suas obras de maior importância e que fizeram grande sucesso no mundo das artes. Entre as obras desta fase, podemos citar as mais conhecidas: Abaporu (1928) e Operários (1933).
No final da década de 1920, Tarsila criou os movimentos Pau-Brasil e Antropofágico. Entre as propostas desta fase, Tarsila defendia que os artistas brasileiros deveriam conhecer bem a arte europeia, porém deveriam criar uma estética brasileira, apenas inspirada nos movimentos europeus.

No ano de 1926, Tarsila casou-se com Oswald de Andrade, separando-se em 1930. 

Entre os anos de 1936 e 1952, Tarsila trabalhou como colunista nos Diários Associados (grupo de mídia que envolvia jornais, rádios, revistas).

Principais características de suas obras
- Uso de cores vivas

- Influência do cubismo (uso de formas geométricas)

- Abordagem de temas sociais, cotidianos e paisagens do Brasil

- Estética fora do padrão (influência do surrealismo na fase antropofágica)

Principais obras de Tarsila do Amaral
 Autorretrato (1924)

 Retrato de Oswald de Andrade (1923)

 Estudo () (1923)


 Natureza-morta com relógios (1923)

 
O Modelo (1923)

 
Caipirinha (1923)


Tarsila do Amaral faleceu na cidade de São Paulo em 17 de janeiro de
Rio de Janeiro (1923) 1973. A grandiosidade e importância de seu conjunto artístico a torn
A Feira I (1924)ou uma das grandes figuras artísticas brasileiras de todos os tempos. 



 São Paulo – Gazo (1924)

Carnaval em Madureira (1924)

 Antropofagia (1929)

 A Cuca (1924)

 Pátio com Coração de Jesus (1921)

 Chapéu Azul (1922)

 O Pescador (1925) 

 Romance (1925)

 Palmeiras (1925)

 Manteau Rouge (1923)

 A Negra (1923)

 São Paulo (1924)

 Morro da Favela (1924)

 A Família (1925)

 Vendedor de Frutas (1925)

 Paisagem com Touro (1925)

 Religião Brasileira (1927)

 O Lago (1928)

 Coração de Jesus (1926)

 O Ovo ou Urutu (1928)

 A Lua (1928) 

 Abaporu (1928)

 Cartão Postal (1928)

 Operários (1933)

Victor Brecheret
 Victor Brecheret: escultor ítalo-brasileiro

Victor Brecheret foi um importante escultor ítalo-brasileiro do século XX. É considerado um dos principais representantes da Arte Moderna no Brasil. Teve importante participação, expondo esculturas, na Semana de Arte Moderna de 1922. Grande parte de suas esculturas está exposta em locais públicos, principalmente na cidade de São Paulo. O Monumento às Bandeiras, exposta no Parque do Ibirapuera (zona sul de São Paulo), é uma de suas obras de arte mais conhecidas. Durante sua vida artística ganhou vários prêmios nacionais e internacionais de arte, comprovando seu grande talento artístico.

Nascimento
Victor Brecheret nasceu na cidade de Farnese (Itália) em 22 de fevereiro de 1894.

Morte
Victor Brecheret morreu na cidade de São Paulo (Brasil) em 17 de dezembro de 1955.

Biografia resumida
Em 1912, entra para o Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo para estudar desenho e modelagem.
Em 1913, vai para Roma estudar escultura.
Em 1915, monta um ateliê em Roma.
Em 1916, fica em primeiro lugar na Exposição de Belas-Artes em Roma, com a obra Despertar.
Retorna ao Brasil em 1919 e monta seu ateliê em São Paulo.
Em 1920, faz a maquete de uma de suas principais obras modernistas: Monumento às Bandeiras (inaugurada em 1953 no Parque do Ibirapuera).
Vinte esculturas de sua autoria fazem parte da Semana de Arte Moderna de 1922, sendo expostas no Teatro Municipal de São Paulo.
Em 1926, é realizada sua primeira exposição individual, na cidade de São Paulo.
Em 1941, torna-se o vencedor no concurso para o "Monumento ao Duque de Caxias".
Em 1950, expõe na 25ª Exposição de Artes de Veneza.
Em 1951, expõe na 1ª Bienal Internacional de São Paulo.
Em 1950, expõe na 26ª Exposição de Artes de Veneza.
- Em 25 de janeiro 1953 (aniversário de São Paulo), inaugura sua importante obra "Monumento às Bandeiras".  
Em 1955, expõe na 3ª Bienal Internacional de São Paulo.

Principais obras (esculturas)
Observação: Não encontrei
Despertar
Ídolo
Busto de Alcântara Machado
O Grupo
Relevos

 Monumento às Bandeiras

 Fauno

 Monumento ao Duque de Caxias

 Eva

 Depois do banho

 Diana Caçadora

 Morena

 Bartira

 O Índio e Suaçuapara

 
Graça I e Graça II
 Via Crucis

 Banho de Sol

 Cabeça de Santos Dumont

 A Portadora de Perfume

Lasar Segall

Biografia de Lasar Segall:
žLasar Segall (1891-1957) foi um pintor lituano, radicado no Brasil. Sendo precursor do expressionismo, era comedido em seus traços, em suas cores e em suas representações.
žLasar Segall (1891-1957) nasceu em Vilna, capital da República da Lituânia no dia 21 de julho de 1891. Ainda criança já mostrava interesse pelo desenho. Com 14 anos ingressou na Academia de Desenho de sua cidade. Em 1906, foi para Berlim, Alemanha, estudar na Academia Imperial, onde permanece durante cinco anos. Em 1911, mudou-se para a cidade de Dresden, onde estudou na Academia de Belas Artes.
žAs lutas iniciais do pintor foram enormes, por introduzir ideias novas e revolucionárias, totalmente diversa da existente. Em 1912, Segall veio para o Brasil, onde já estavam seus irmãos. Em 1913, faz duas exposições individuais, em São Paulo e em Campinas, ainda sem grande repercussão. E dessa época seu quadro "Dois Amigos". Voltou para Europa e em 1918, casou-se com Margarete Quack.
 Observação: Quadro “Duas amigas”

žLasar Segall retornou ao Brasil em 1923, e dedicou-se à pintura. Sendo precursor do expressionismo, seu nome está ligado ao movimento expressionista da escola alemã. Era comedido em seus traços, em suas cores e em suas representações. Mesmo os quadros que possuem cores vivas, traduzem aspectos sombrios. Lasar dedicou-se também ao desenho de uma série de móveis modernos.
žEm 1925, já separado de Margarete, sua primeira esposa, casa-se com Genny Klabin, com quem teve dois filhos. Em 1927, pintou "Bananal". Foi viver em Paris. Em 1932, Segall retornou definitivamente para o Brasil. Participou da fundação da Sociedade Paulista Pró-Arte Moderna.
 Bananal - 1927

žDestacam-se ainda os quadros "Homem com Violino", "Navios" e "Retrato de Mário de Andrade". Em 1957, realizou-se em Paris, a monumental "Exposição Segall", no Museu de Arte Moderna, com 61 quadros, 22 esculturas de bronze, 200 desenhos, aquarelas e gravuras. Em 1957, voltou para São Paulo
žLasar Segall faleceu em São Paulo, no dia 2 de agosto de 1957. Sua residência, na Vila Mariana em São Paulo, abriga hoje o Museu Lasar Segall, onde possui um acervo de cerca de três mil obras de arte.
 Homem com violino

 Navios de emigrantes

 Retrato de Mário de Andrade

Oswaldo Goeldi

Biografia

Oswaldo Goeldi (Rio de Janeiro RJ 1895 - idem 1961). Gravador, desenhista, ilustrador, professor. Filho do cientista suíço Emílio Augusto Goeldi. Com apenas 1 ano de idade, muda-se com a família para Belém, Pará, onde vivem até 1905, quando se transferem para Berna, Suíça. Aos 20 anos ingressa no curso de engenharia da Escola Politécnica, em Zurique, mas não o conclui. Em 1917, matricula-se na Ecole des Arts et Métiers [Escola de Artes e Ofícios], em Genebra, porém abandona o curso por julgá-lo demasiado acadêmico. A seguir, passa a ter aulas no ateliê dos artistas Serge Pahnke (1875 - 1950) e Henri van Muyden (1860 - s.d.). 
 Favela

No mesmo ano, realiza a primeira exposição individual, em Berna, na Galeria Wyss, quando conhece a obra de Alfred Kubin (1877 - 1959), sua grande influência artística, com quem se corresponde por vários anos. Em 1919, fixa-se no Rio de Janeiro e passa a trabalhar como ilustrador nas revistas Para TodosLeitura Para Todos e Ilustração Brasileira. Dois anos depois, realiza sua primeira individual no Brasil, no saguão do Liceu de Artes e Ofícios. Em 1923, conhece Ricardo Bampi, que o inicia na xilogravura. Na década de 1930, lança o álbum 10 Gravuras em Madeira de Oswaldo Goeldi, com introdução de Manuel Bandeira (1886 - 1968), faz desenhos e gravuras para periódicos e livros, como Cobra Norato, de Raul Bopp (1898 - 1984), publicado em 1937, com suas primeiras xilogravuras coloridas.
 Rua molhada

 Álbum 10 Gravuras em Madeira de Oswaldo Goeldi

 Cobra Norato

Em 1941, trabalha na ilustração das Obras Completas de Dostoievski, publicadas pela Editora José Olympio. Em 1952, inicia a carreira de professor, na Escolinha de Arte do Brasil, e, em 1955, torna-se professor da Escola Nacional de Belas Artes - Enba, no Rio de Janeiro, onde abre uma oficina de xilogravura. Em 1995, o Centro Cultural Banco do Brasil realiza exposição comemorativa do centenário do seu nascimento, no Rio de Janeiro.
 Guerra

 Lugar de crime

Comentário Crítico
Oswaldo Goeldi nasce no Rio de Janeiro. Filho do cientista suíço Emílio Augusto Goeldi, muda-se para Belém, Pará, com 1 ano de idade. Seu pai funda na cidade o Museu de História Natural e Etnografia, hoje Museu Emílio Goeldi. Vive em Belém até os 6 anos. Muda-se com a família para Berna, na Suíça, onde inicia seus estudos. Interessado em engenharia, vai para Zurique e ingressa na Escola Politécnica, em 1914. Sua estada na cidade é atribulada. A Europa vive o início da I Guerra Mundial (1914-1918) e, na sua admissão na Politécnica, Goeldi é convocado para o serviço militar, interrompendo os estudos. No Exército, atua como sentinela da fronteira e fica longe dos combates.
 Casa vermelha

 Olhos

Cerca de um ano depois, seu interesse pelo desenho cresce na mesma medida em que diminui a vontade de continuar cursando engenharia.

Em 1917, após a morte do pai, o artista abandona a Politécnica e se transfere para Genebra, com o intuito de estudar arte. Passa seis meses na Ecole des Arts et Métiers [Escola de Artes e Ofícios]. Decepciona-se, e passa a ter aulas no ateliê dos artistas Serge Pahnke (1875 - 1950) e Henri van Muyden (1860 - s.d.). Depois de curto período sob a tutela dos dois, abandona definitivamente os estudos de arte. No entanto, trabalha muito. Sua produção é exibida em uma primeira individual, ainda naquele ano, na Galeria Wyss, em Berna. Na exposição, conhece a obra de Alfred Kubin (1877 - 1959). 
 Chegada do barco

 Figuras

Esse contato é decisivo para sua formação. Goeldi interessa-se pelo aspecto imaginativo e sombrio de suas cenas. Nesse período, seus desenhos incorporam temas mórbidos, ambientados em cenários aterradores. Na mesma época, faz amizade com o pintor Hermann Kümmerly. Realiza, com ele, as primeiras litografias.
Goeldi volta para o Brasil em 1919 e passa a residir no Rio de Janeiro. Adapta-se com dificuldade à vida carioca. Ele, que se sentia "um europeu sentimental",1 se ressente da defasagem cultural e do provincianismo da sociedade. Dois anos depois expõe no saguão do Liceu de Artes e Ofícios, já atuando como ilustrador na revista Para Todos, desde o ano de seu desembarque. 
 Sonambula
 Palmeiras

A mostra é mal recebida pela imprensa e lhe dá a medida da resistência do meio artístico brasileiro aos avanços artísticos da Europa. Apesar dos comentários negativos, a exposição o aproxima de um grupo de escritores, artistas e intelectuais interessados na renovação criativa, como Beatrix Reynal, Aníbal Machado (1894 - 1964), Otto Maria Carpeaux (1900 - 1978), Manuel Bandeira (1886 - 1968), Álvaro Moreyra (1888 - 1964), Ronald de Carvalho (1893 - 1935), Di Cavalcanti (1897 - 1976) e Rachel de Queiroz (1910 - 2003), que ainda não tinham prestígio. O apoio, no entanto, não é suficiente. O artista se abala. Torna-se cada vez mais avesso ao mundo cultural carioca e próximo da vida boêmia.
 Abandono

 Jardim

Em 1922, desentende-se com a família. Contrariados, os parentes tentam enviá-lo para a Europa. O grupo de intelectuais que havia se aproximado do artista, evita a sua partida e se esforça para garantir sua permanência no país. Em 1923, inicia  experimentos com xilogravura. Aproxima-se da técnica por meio de Ricardo Bampi. Diz que começa a gravar para "impor uma disciplina às divagações a que o desenho o levava".2 Em depoimento ao crítico e poeta Ferreira Gullar (1930) conta ter sentido "a necessidade de dar controle a estas divagações".3 Nessa época, Goeldi muda-se para Niterói, onde pode trabalhar isolado. 
 Mulheres

 Pesadelo

Faz xilos, desenhos e ilustrações e contribui para o periódico O Malho. Segundo a historiadora Noemi Silva Ribeiro, no fim da década de 1920 Goeldi passa a sobreviver como ilustrador.4 Colabora em revistas, faz imagens para o romance Canaã (1928), de Graça Aranha (1868 - 1931), e para o livro Mangue (1929), de Benjamin Constallat (1897 - 1961). As imagens, no entanto, não são publicadas. Em 1930, lança o álbum 10 Gravuras em Madeira, com prefácio de Manuel Bandeira. Em suas gravuras a superfície é predominantemente negra. Em Abandono (1930), as figuras aparecem vazadas na tinta. Goeldi abre uns poucos traços na madeira, com o que a luz, em suas xilos, parece lutar para conquistar presença em meio às superfícies negras.
 Felino


 Lagoa


Com a venda do álbum, arrecada dinheiro para ir para a Europa. Expõe em Berna e em Berlim. Reencontra seu amigo Kümmerly e expõe com ele em Muri, na Suíça. Visita Alfred Kubin, com quem se correspondia desde 1926. Goeldi reconhece o débito com o artista austríaco, com quem mantém correspondência por toda a vida. Na sua estada, faz alguns desenhos e deixa trabalhos em coleções na Suíça, Áustria e Alemanha. Retorna ao Brasil por volta de 1932. Nesse ano experimenta o uso da cor em suas xilogravuras.
Em 1937, ilustra o livro Cobra Norato (1931) de Raul Bopp (1898 - 1984), com trabalhos coloridos. 
 O para-quedista

 Vassourada

Nesse momento, os principais intérpretes da obra de Goeldi ressaltam o afastamento de sua principal referência: Alfred Kubin. Isso não diminui sua admiração pelo austríaco. Seu trabalho, paulatinamente, toma outros rumos,5 afirmando uma linguagem própria e singular. Suas imagens, também visionárias, ao contrário das do mestre austríaco, referem-se, no entanto, à realidade, não a mundos fantásticos. Os sulcos feitos na madeira revelam o que Carlos Drummond de Andrade (1902 - 1987) chama de "a irrealidade do real".6 O assombro que faz parte do nosso cotidiano.
Nos anos de 1940, sua vida como ilustrador se consolida. Em 1941, colabora regularmente no jornal A Manhã.

Pescadores


 
Céu vermelho

Na mesma década, realiza imagens para a revista Clima e para livros de Dostoievski (1821 - 1861) e Cassiano Ricardo (1895 - 1974). O reconhecimento torna-se mais evidente a partir de 1950, ano em que expõe na 25ª Bienal de Veneza. Um ano depois, ganha o prêmio de gravura da 1ª Bienal Internacional de São Paulo. Nessa década, a cor aparece de maneira mais pronunciada em suas gravuras. Em O Ladrão (ca.1955), o artista mostra formas coloridas nos intervalos da mancha negra que predomina na cena. Em 1956, é realizada sua primeira retrospectiva, no Museu de Arte Moderna de São Paulo - MAM/SP. Nesse momento, Goeldi já é um artista de renome. 
 Casa do terror

 Noite tropical

Além de trabalhar em suas gravuras com regularidade, inicia, em 1952, sua carreira de professor, na Escolinha de Arte do Brasil. Três anos mais tarde, ensina xilogravura na Escola Nacional de Belas Artes - Enba. Com ele estudam, entre outros, os artistas Antonio Dias (1944)Gilvan Samico (1928) e Anna Letycia (1929). Numa quarta-feira de cinzas do dia 15 de fevereiro de 1961, Oswaldo Goeldi é encontrado morto em seu pequeno apartamento.
 O ladrão

 Pescadores

 Convite à greve

 Chuva

Notas
1 Carta de Goeldi a Kümmerly datada de 16 de fevereiro de 1935. In: RIBEIRO, Noemi Silva (org.) e LAKS, Sérgio (org.). Oswaldo Goeldi: um auto-retrato. Rio de Janeiro: Centro Cultural Banco do Brasil, 1995. p.12.
2 NAVES, Rodrigo. Goeldi. São Paulo: Cosac & Naify, 1999. (Espaço da arte brasileira) . p.21. Citação do livro ZILIO, Carlos (org.). Oswaldo Goeldi. Rio de Janeiro: Solar Grandjeandjean de Montigny, s/d. p.108
3 Idem, ibidem.
4 RIBEIRO, Noemi Silva (org.) e LAKS, Sérgio (org.). Oswaldo Goeldi: um auto-retrato. Rio de Janeiro: Centro Cultural Banco do Brasil, 1995. p.12.
5 NAVES, Rodrigo. Goeldi. São Paulo: Cosac & Naify, 1999. (Espaço da arte brasileira). p.20.
6 DRUMMOND DE ANDRADE, Carlos. A Goeldi. In: ______. Carlos Drummond de Andrade: poesia e prosa. 6.ed. Rio de Janeiro: Editora Nova Aguilar, 1988.

Guiomar Novaes
 
Pianista brasileira
28-2-1894, São João da Boa Vista (SP)
7-3-1979, São Paulo (SP)

¢Como explicar o talento musical de uma pianista que começou a tocar aos 8 anos já com absoluto domínio da técnica, com poesia e precisão? Guiomar Novaes, a maior pianista brasileira e uma das maiores celebridades nos meios musicais da Europa e dos Estados Unidos no início do século XX, transfigurava-se de tal modo ao piano, tocando de forma arrebatadora, como se estivesse improvisando, que diziam parecer estar em transe ou ser a encarnação de um grande artista. Para alguns, sua genialidade era um mistério psicológico, um milagre musical.
¢"Toca como se algum espírito estivesse soprando em seu ouvido os segredos mais profundos de toda a harmonia", escreveu um crítico do Times, dos Estados Unidos. Nascida no interior de São Paulo, Guiomar cresceu em meio a uma família de 19 crianças e num ambiente religioso. Menina, impulsionada pelo som do piano tocado pelas irmãs mais velhas, esperava que elas deixassem o teclado para sentar-se ao banquinho e tocar até "os dedos doerem". Antes de aprender a ler e a escrever, dominou as notas. Seu primeiro professor foi o paulista Eugênio Nogueira e, mais tarde, o italiano Luigi Chiaffarelli, com quem realizou suas primeiras apresentações, os saraus musicais, em São Paulo e, depois, no Rio de Janeiro.
¢Em 1909, aos 15 anos, partiu para a Europa para tentar uma vaga no Conservatório de Música de Paris. Avaliada por um júri formado por célebres músicos, como Claude Debussy, Moszckowski, Widor e Lazare-Lévy, foi apontada como a candidata com os melhores dotes artísticos e obteve a vaga. No conservatório, estudou com o húngaro Isidore Phillip e conquistou o primeiro prêmio ao concluir as provas finais, em 1911, com a execução da Balada, de Chopin. Poucos meses depois de graduar-se, projetou-se no mundo musical europeu. 
¢De Paris, realizou concertos em Londres, Itália, Suíça e Alemanha. Com o advento da Primeira Guerra Mundial, mudou-se para os Estados Unidos, onde, a partir de 1915, ascendeu profissionalmente numa trajetória rara. Desde o começo uma revelação, permaneceu 62 anos brilhando nos palcos. Foi especialmente genial ao interpretar Schumann e Chopin. Além de ter sido grande divulgadora da obra de Heitor Villa-Lobos no exterior.

Antônio Garcia Moya

O desenhista e arquiteto Antonio Moya nasceu na cidade Atarfe, Granada, Espanha, porém foi para o Brasil ainda criança, com 4 anos.

Antônio Moya depois de completar o curso no Liceu de Artes e Ofícios foi trabalhar como desenhista com o tio de Annita George Krug e em 1912 se tornaria sócio passando a denominar a firma Krug&Moya, só quando morre o tio de Annita Malfatti, George Krug em 1918, é que em 1919 é que a Firma vem a ser Moya&Malfatti. Moya apresentou 18 trabalhos durante a Semana de Arte Moderna de 1922.
Abusava da imaginação, fator este que fez com que nenhum de seus projetos apresentados fosse realizado. Guilherme Malfatti, sócio de Moya, dizia que o trabalho apresentado pelo arquiteto não correspondia à realidade.


"O poeta da pedra" assim foi chamado por Menotti del Picchia, em seus projetos na Semana, Moya tem como influências as arquiteturas pré-colombiana e mesopotâmica. Tinha a intenção de romper com o modelo tradicional, usava formas cúbicas e sem muitos ornamentos. Mais tarde definido como "Estilo Marajoara" como referência a arte indígena próxima a foz do Rio Amazonas. Na verdade, o geometrismo que surge em seu trabalho é resultado da influência árabe, muito forte no sul da Espanha, residências em estilo mouro, típicas da terra que ele nunca esqueceu.
Após a Semana, no entanto, o arquiteto não segue a mesma linha e passa a integrar diferentes influências aos seus projetos. Em 1933, formou-se pela Escola de Belas Artes e a partir disto monta um escritório com Guilherme Malfatti ("Moya e Malfatti").



Fontes

http://virusdaarte.net/anita-malfatti-interior-de-monaco/


https://www.tripadvisor.com.br/LocationPhotoDirectLink-g303631-d311969-i42833646-Pinacoteca_do_Estado_de_Sao_Paulo-Sao_Paulo_State_of_Sao_Paulo.html

žhttps://catracalivre.com.br/sp/agenda/barato/portinari-di-cavalcanti-e-lasar-segal-invadem-nova-exposicao-da-estacao-pinacoteca/

http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa10588/oswaldo-goeldi

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