quarta-feira, 23 de março de 2016

Modernismo

(Regionais: Cícero Dias, Lula Cardoso Ayres e Vicente do Rego Monteiro)
{Nacionais: Anita Malfatti e Portinari}
[Universais: Kandinsky, Braque, Stravinsky, LeCorbusier e Man Ray]


modernismo foi um movimento literário e artístico do início do séc. XX, cujo objetivo era o rompimento com o tradicionalismo (parnasianismosimbolismo e a arte acadêmica), a libertação estética, a experimentação constante e, principalmente, a independência cultural do país. Apesar da força do movimento literário modernista a base deste movimento se encontra nas artes plásticas, com destaque para a pintura.
No Brasil, este movimento possui como marco simbólico a Semana de Arte Moderna, realizada em 1922, na cidade de São Paulo, devido ao Centenário da Independência. No entanto, devemos lembrar que o modernismo já se mostrava presente muito antes do movimento de 1922. As primeiras mudanças na cultura brasileira que tenderam para o modernismo datam de 1913 com as obras do pintor Lasar Segall; e no ano de 1917, a pintora Anita Malfatti , recém-chegada da Europa, provoca uma renovação artística com a exposição de seus quadros. A este período chamamos de Pré-Modernismo (1902-1922), no qual se destacam literariamente, Lima BarretoEuclides da Cunha,Monteiro Lobato e Augusto dos Anjos; nesse período ainda podemos notar certa influência de movimentos anteriores como realismo/naturalismo, parnasianismo e simbolismo.
A partir de 1922, com a Semana de Arte Moderna tem início o que chamamos de Primeira Fase do Modernismo ou Fase Heróica (1922-1930), esta fase caracteriza-se por um maior compromisso dos artistas com a renovação estética que se beneficia pelas estreitas relações com as vanguardas européias (cubismofuturismosurrealismo, etc.), na literatura há a criação de uma forma de linguagem, que rompe com o tradicional, transformando a forma como até então se escrevia; algumas dessas mudanças são: a Liberdade Formal (utilização do verso livre, quase abandono das formas fixas – como o soneto, a fala coloquial, ausência de pontuação, etc.), a valorização do cotidiano, a reescritura de textos do passado, e diversas outras; este período caracteriza-se também pela formação de grupos do movimento modernista: Pau-Brasil, Antropófago, Verde-Amarelo, Grupo de Porto Alegre e Grupo Modernista-Regionalista de Recife.
Na década de 30, temos o início do período conhecido como Segunda Fase do Modernismo ouFase de Consolidação (1930-1945), que é caracterizado pelo predomínio da prosa de ficção. A partir deste período, os ideais difundidos em 1922 se espalham e se normalizam, os esforços anteriores para redefinir a linguagem artística se une a um forte interesse pelas temáticas nacionalistas, percebe-se um amadurecimento nas obras dos autores da primeira fase, que continuam produzindo, e também o surgimento de novos poetas, entre eles Carlos Drummond de Andrade.
Temos ainda a Terceira Fase do Modernismo (1945- até 1960); alguns estudiosos consideram a fase de 1945 até os dias de hoje como Pós-Modernista, no entanto, as fontes utilizadas para a confecção deste artigo, tratam como Terceira Fase do Modernismo o período compreendido entre 1945 e 1960 e como Tendências Contemporâneas o período de 1960 até os dias de hoje. Nesta terceira fase, a prosa dá sequência às três tendências observadas no período anterior – prosa urbana, prosa intimista e prosa regionalista, com uma certa renovação formal; na poesia temos a permanência de poetas da fase anterior, que se encontram em constante renovação, e a criação de um grupo de escritores que se autodenomina “geração de 45”, e que buscam uma poesia mais equilibrada e séria, sendo chamados de neoparnasianos.
Principais representantes do Pré-Modernismo e do Modernismo no Brasil:
Pintura: Anita Malfatti, Lasar Segall, Di CavalcantiTarsila do AmaralCandido Portinari, Rego Monteiro, Alfredo Volpi;
Literatura: Euclides da Cunha, Monteiro Lobato, Lima Barreto, Augusto dos Anjos, Mário de AndradeOswald de AndradeAlcântara MachadoManuel BandeiraCassiano RicardoCarlos D. de AndradeCecília MeirelesVinicius de MoraisMurilo MendesGraciliano RamosRachel de Queiroz,Jorge de LimaJosé Lins do Rego, Thiago de Mello, Ledo Ivo, Ferreira GullarJoão Cabral de Melo NetoClarice LispectorGuimarães RosaOlavo Bilac, Menotti Del Picchia, Guilherme de Almeida, Ronald de Carvalho, Ribeiro Couto, Raul BoppGraça Aranha, Murilo Leite, Mário QuintanaJorge AmadoÉrico Veríssimo;
Música: Alberto Nepomuceno, Heitor Villa-Lobos e Guiomar de Novais;
Escultura: Victor Brecheret;
Teatro: Benedito Ruy Barbosa, Nelson Rodrigues;

Arquitetura: Lúcio CostaOscar Niemayer;

Cicero Dias


 Passeio de Barco - 1950 

Biografia

¢Cicero dos Santos Dias (Escada PE 1907 - Paris França 2003). Pintor, gravador, desenhista, ilustrador, cenógrafo e professor. Inicia estudos de desenho em sua terra natal. Em 1920, muda-se para o Rio de Janeiro, onde matricula-se, em 1925, nos cursos de arquitetura e pintura da Escola Nacional de Belas Artes - Enba, mas não os conclui. Entra em contato com o grupo modernista e, em 1929, colabora com a Revista de Antropofagia. Em 1931, no Salão Revolucionário, na Enba, expõe o polêmico painel, tanto por sua dimensão quanto pela temática, Eu Vi o Mundo... Ele Começava no Recife. A partir de 1932, no Recife, leciona desenho em seu ateliê. Ilustra, em 1933, Casa Grande & Senzala, de Gilberto Freyre (1900- 1987). Em 1937, é preso no Recife quando da decretação do Estado Novo. 


 Eu Vi o Mundo... Ele Começava no Recife

¢A seguir, incentivado por Di Cavalcanti, viaja para Paris onde conhece Georges Braque, Henri Matisse, Fernand Léger e Pablo Picasso, de quem se torna amigo. Em 1942, é preso pelos nazistas e enviado a Baden-Baden, na Alemanha. Entre 1943 e 1945, vive em Lisboa como Adido Cultural da Embaixada do Brasil. Retorna a Paris onde integra o grupo abstrato Espace. Em 1948, realiza o mural do edifício da Secretaria das Finanças do Estado de Pernambuco, considerado o primeiro trabalho abstrato do gênero na América Latina. Em 1965, é homenageado com sala especial na Bienal Internacional de São Paulo. Inaugura, em 1991, painel de 20 metros na Estação Brigadeiro do Metrô de São Paulo. No Rio de Janeiro, é inaugurada a Sala Cicero Dias no Museu Nacional de Belas Artes - MNBA. Recebe do governo francês a Ordem Nacional do Mérito da França, em 1998, aos 91 anos.

Comentário crítico


¢Cicero Dias inicia a carreira artistica na década de 1920, quando estão sendo introduzidas as tendências de vanguarda no Brasil. Liga-se aos intelectuais do movimento regionalista de 1926, que ocorre no Recife, em resposta à Semana de Arte Moderna de 22. No começo, ele produz principalmente aquarelas, nas quais representa um universo de sonhos, inquietante. Os personagens, em escala diferente das paisagens, e também os objetos apresentam muita leveza, freqüentemente flutuam, como, por exemplo, em O Sono, 1928, O Sonho da Prostituta, 1930 e Mulher Nadando, 1930. São imagens que evocam o mundo do inconsciente, nas quais o erotismo é freqüente. Estas são representadas com grande delicadeza no desenho e em uma gama cromática muito rica. Na opinião do crítico Antonio Bento, sua obra relaciona-se ao surrealismo e também a um imaginário fantástico nordestino, em que mitos e fábulas estão presentes nas manifestações artísticas e na literatura de cordel.


 O Sono, 1928

 O Sonho da Prostituta, 1930

 Mulher Nadando, 1930

¢O grande painel Eu Vi o Mundo... Ele Começava no Recife é exposto em 1931, no Salão Revolucionário, do qual participam artistas de vanguarda. A obra apresenta uma série de pequenas cenas, nas quais retoma o universo presente nas aquarelas. O painel causa impacto pelo porte e pela concepção, impregnada de forças misteriosas do inconsciente e é a obra mais destacada do artista, antes de sua viagem para a França. Cicero Dias viaja para Paris em 1937, obtendo um cargo no Escritório Comercial, junto a Embaixada do Brasil. Na cidade, aproxima-se de Di Cavalcanti, trava contato com o pintores franceses Georges Braque, Fernand Léger e Henri Matisse, e torna-se amigo do pintor espanhol Pablo Picasso. O tema e a técnica de seus quadros continuam ligados a Pernambuco, o artista mantém a luz e a cor de suas paisagens, como em Mulher na Janela, 1939.

 Mulher na Janela, 1939.

¢Na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), embora não estivesse mais trabalhando na Embaixada do Brasil, Cicero Dias integra o grupo de brasileiros que são presos e confinados na cidade de Baden-Baden, na Alemanha e seriam trocados por prisioneiros alemães. Entre os companheiros do pintor está o escritor Guimarães Rosa. Após negociações entre os dois países, o grupo de diplomatas e funcionários do governo brasileiro é libertado, seis meses depois, em Portugal, em 1942. Dias volta para a França, clandestinamente, vivendo por algum tempo num pequeno quarto de hotel, na cidade de Vichy. Mantém correspondência com amigos, entre eles Picasso e o poeta surrealista Paul Éluard. Com Éluard, vive um dos episódios mais comentados de sua biografia: quando retorna da França para Portugal, acompanhado de sua noiva, traz consigo o poema Liberté, de Paul Éluard. O poema, exaltando a liberdade, é enviado por Cicero para Londres, onde é impresso e espalhado por toda a França ocupada, em vôos da Força Aérea Inglesa. 

liberdade
Paul Eluard


¢Em meus cadernos escolares
na minha mesa e árvores
na areia na neve
eu escrevo o seu nome

¢Em todas as páginas ler
todas as páginas em branco
Blood Stone papel ou cinzas
Eu escrevo o seu nome

¢A imagem de ouro
nas armas dos guerreiros
na coroa dos reis
Eu escrevo o seu nome

¢Selva e deserto
nos ninhos sobre a vassoura
sobre o eco da minha infância
eu escrevo o seu nome

¢Sobre as maravilhas da noite
sobre o pão branco de dias
sobre noivas temporadas
I escrever o seu nome
¢Em meus trapos azuis
no sol da lagoa de mofo
na lua viva lago
I escrever o seu nome
¢Em campos no horizonte
nas asas de aves
e da fábrica de sombras
eu escrevo o seu nome
¢Cada suspiro do amanhecer
no mar em barcos
na montanha demente
eu escrevo o seu nome
¢Sobre as nuvens de espuma
sobre o suor da tempestade
sobre a chuva desvanece-se grosso e
eu escrevo o seu nome
¢Em formas brilhantes
nas cores dos sinos
na verdade física
I escrever o seu nome
¢Ao acordar caminhos
nas rotas implantados
em lugares transbordando
I escrever o seu nome
¢A luz que se transforma
na lâmpada sair
em minhas casas combinadas
eu escrevo o seu nome
¢O fruto metade
do espelho e meu quarto
na minha cama concha vazia
Eu escrevo o seu nome
¢Em meu cão ganancioso e suave
nas orelhas erigir
em sua pata desajeitado
eu escrevo o seu nome
¢No trampolim de minha porta
em objetos familiares
sobre o fluxo de luz abençoada
que eu escrever o seu nome
¢Em toda a carne concedido
na frente dos meus amigos
em cada mão estendida
I escrever o seu nome
¢Surpresas no vidro
nos lábios atentos
alta acima do silêncio
Eu escrevo o seu nome
¢Em meus abrigos destruídos
meus faróis colapso
nas paredes do meu tédio
eu escrevo o seu nome
¢A ausência sem desejo
na solidão nua
sobre as marchas da morte
eu escrevo o seu nome
¢Sobre a saúde de volta
sobre o risco desapareceu
na esperança, sem memórias
I escrever o seu nome
¢E pelo poder de uma palavra
que eu estou começando minha vida
eu nasci para conhecê-lo
Para nomear a si mesmo
¢Liberdade.

¢Em Portugal, a partir de 1943, inicia uma pesquisa comparativa entre a cultura portuguesa e a brasileira, estuda arte popular, arquitetura, escultura e pintura. Nessa época pinta quadros que têm por motivos elementos vegetais, comoGalo ou Abacaxi, 1940 ou Mamoeiro Dançarino, déc.1940 em que parte do gênero da natureza-morta, trabalhando com o ilusionismo, de forma irônica. Outras obras revelam o impacto causado pelo quadro Guernica, de Picasso:Mulher Sentada com Espelho, 1940 ou Duas Figuras, 1944. 

 Galo ou Abacaxi, 1940

 Guernica, de Picasso


 
Mamoeiro Dançarino,1940

 Mulher Sentada com Espelho, 1940 

 Duas Figuras, 1944

 ¢Na década de 1940, produz obras que apresentam um diálogo entre o figurativo e a abstração. Apesar do geometrismo, aparecem a vegetação, o canavial e o mar, como em Mormaço, 1941 ou Praia, 1944. Retorna à França em 1945 e integra o grupo abstrato Espace, da Escola de Paris, até 1950. Pinta, em 1948, os primeiros murais abstratos da América Latina, para o Conselho Econômico do Estado de Pernambuco, atual Secretaria da Fazenda, no Recife. Neles, aproveita, como sempre, elementos da paisagem do Nordeste: canavial, jangadas, o vermelho dos telhados, mas submetendo-os a um processo do qual resultam formas simples e ricas de sugestões poéticas.






 Mormaço, 1941


¢Após 1950, predominam os quadros abstratos, em que se destacam as formas fechadas, retangulares ou tendendo à circularidade, e a  preocupação com a luz e as cores claras, em uma gama cromática evocativa da natureza nordestina, como em Composição II, 1951. Para o crítico Mário Carelli, o artista, na abstração, parte de um "caminho vegetal", em que as formas geométricas refletem uma cristalização perfeita, baseada em estruturas vegetais, como em Meridianos,1953 ou Relações Incertas, 1953. Paralelamente aos quadros abstratos, realiza outros, de caráter lírico. Estes apresentam, em sua maioria, figuras na paisagem, com rostos sutilmente iluminados, realizados com cores suaves e uso especial do branco, de que são exemplos Casal e Cena de Olinda, ambos de 1950. 


 Relações Incertas, 1953

 Casal, 1950 

 Composição II, 1951

 Cena de Olinda, ambos de 1950.

 Meridianos,1953


¢Volta com maior intensidade à pintura figurativa na década de 1960. Permanecem em seus quadros o clima de sonho e os elementos recorrentes: mulheres, casarios, folhagens, sendo constante a presença do mar. Usa freqüentemente os rosas e azuis. Em relação à fase figurativa do início da carreira, podemos dizer que a gestualidade dos personagens é contida e há mais sensualidade que erotismo, como ocorre em Barqueiro, 1980, Olinda e Recife ou  Moça no Barco,ambos da década de 1980.
 Barqueiro, 1980

 Olinda e Recife, 1980
 Moça no Barco, 1980

Lula Cardoso Ayres


 Bolo de Noiva - 1943 

Biografia



Luiz Gonzaga Cardoso Ayres (Recife PE 1910 - idem 1987). Pintor, fotógrafo, desenhista, ilustrador, muralista, cenógrafo. Estuda desenho e pintura com Heinrich Moser, entre 1922 e 1924. Viaja para Paris em 1925, visita a 1ª Exposição Internacional de Arte Decorativa, frequenta museus e ateliês de pintores como Maurice Denis e entra em contato com os movimentos artísticos modernos da Europa. Regressa ao Brasil no ano seguinte. No Rio de Janeiro, estabelece ateliê no bairro de Laranjeiras, frequenta informalmente a Escola Nacional de Belas Artes - Enba, e tem aulas de modelo vivo com Rodolfo Amoedo. No ateliê de Carlos Chambelland, estuda desenho e pintura. Conhece Candido Portinari, de quem se torna amigo. Profissionalmente, realiza cenários para teatro e atua como ilustrador e caricaturista na revista Para Todos.
No fim de 1932, volta a Pernambuco para ajudar a administrar a usina de açúcar da família, e reside em Cucaú, interior do Estado, até 1944. Realiza incursões por pequenos povoados da região e da observação dos costumes, festas, manifestações artísticas populares resultam diversos desenhos e uma extensa produção fotográfica. Interessa-se sobretudo pela cerâmica popular, que procura explorar em sua produção plástica em telas e aquarelas. Em 1934, no 1º Congresso Afro-Brasileiro do Recife, conhece o pintor Cicero Dias, o psiquiatra Ulysses Pernambucano e o sociólogo Gilberto Freyre (1900- 1987), com quem mantém uma forte ligação a partir de então. Os negócios da família sofrem grave crise em 1945, então Lula retorna ao Recife e procura alternativas para sustentar-se economicamente. Executa painéis e murais em várias cidades brasileiras, entre ele se destaca o elaborado para o Aeroporto dos Guararapes, no Recife, que retrata a vida cotidiana e festiva nordestina e faz ilustrações para obras de autores como Manuel Bandeira (1886 - 1968) e Ascenso Ferreira. Em 1947, funda um curso de desenho para crianças. Como professor, atua na Escola de Belas Artes do atual Centro de Artes e Comunicação da Universidade Federal de Pernambuco - UFPE.
No início da década de 1950, sua produção volta-se para o abstracionismo. Participa das três primeiras Bienais de São Paulo, entre 1951 e 1955. Em 1960, realiza exposição retrospectiva no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand - Masp, organizada por Pietro Maria Bardi, com destaque aos seus trabalhos mais recentes. Em meados dos anos 1960, sua produção retoma a figuração em representações femininas, de bichos ou animais fantásticos. Realiza, em 1984, painéis para o metrô do Recife. Após sua morte, é homenageado pela Associação dos Artistas Plásticos Profissionais do Recife.

Comentário crítico

A formação artística de Lula Cardoso Ayres se inicia cedo, aos 12 anos, trabalhando como ajudante do artista alemão Heinrich Moser no Recife, com quem adquire os primeiros conhecimentos das técnicas artísticas.
Viaja por Paris por um ano, e ao retornar, em 1926, aprimora sua formação estudando com Carlos Chambelland, e dessa experiência recorda dos exercícios de desenho com modelos de gesso, que lhe conferem o domínio dos meios-tons na representação dos volumes.
Sua inserção profissional no meio das artes se dá inicialmente através da ilustração, atividade que exerce com intensidade nos anos 1930 no Rio de Janeiro, e retoma na década de 1940 no Recife. Em sua produção gráfica carioca, que frequentemente retrata a figura feminina e as novas conquistas da modernidade, nota-se a influência do art déco.

Em 1931, produz a ambientação para o espetáculo O Espelho de Próspero, sendo responsável pela criação dos painéis, escolha dos móveis e decoração. O partido não realista e subjetivo de sua cenografia, uma ousadia para os padrões da época, desperta o interesse de teatrólogos como Paschoal Carlos Magno e Renato Viana, que publicam comentários elogiosos a respeito do artista na imprensa. Outro trabalho que realiza nesse campo é a pintura de um grande painel para o carnaval do Clube Internacional do Recife, em 1941, em que retrata cenas do maracatu, do cortejo de reis e outras folias populares.
Em seu processo de pesquisa artística, Ayres começa a realizar fotografias sobre diversos aspectos da vida das populações rurais. No decorrer dos anos 1930 e 1940, intensifica o interesse antropológico por modos de vida e rituais, em parte estimulado pela convivência com o poeta Ascenso Ferreira e o sociólogo Gilberto Freyre. Produz grande quantidade de fotografias e também diversos desenhos de manifestações como o bumba meu boi, o maracatu, o carnaval, os rituais do candomblé e de populações indígenas. Parte das fotografias hoje integra o acervo do Museu do Homem do Nordeste.
De sua vivência no interior de Pernambuco, se interessa acima de tudo pela cerâmica popular. Ao tomar contato com essa produção, procura transferir para o desenho e a pintura as cores e formas das esculturas de barro. Os primeiros desenhos realizados buscando representar a forma e a constituição dos bonecos de barro datam de 1940. Para o crítico Clarival do Prado Valladares, autor de um cuidadoso estudo sobre o artista, a descoberta da cerâmica popular orienta grandemente a produção de Ayres, e é o caminho pelo qual ele se aproxima do cubismo sintético. Tal referência à cerâmica pode ser notada nas formas maciças da figura humana, nos volumes arredondados da vegetação e na estaticidade dos bichos em trabalhos como os óleos sobre tela Representação do Bumba-Meu-Boi e Noivado no Copiar e nas aquarelas Bolo de Noiva e Passeio a Cavalo, todos de 1943.

 Noivado no Copiar, 1943 

Em um conjunto de trabalhos, produzidos entre 1945 e 1946, Ayres explora as fantasmagorias e assombrações. Tal universo, que remete as narrativas e crenças populares do Recife, aparece em obras como Capela Mal Assombrada,Sofá Mal-AssombradoVestindo a Noiva e Enterro, entre outras.
Sua produção pictórica, de meados ao fim dos anos 1940, é marcada por telas com temática social, representando figuras e paisagens regionais, como RetirantesMeninas Pedindo EsmolaCego Violeiro, todas de 1947, presentes na retrospectiva do Itamaraty realizada na década de 1970, ressaltando essa faceta do artista. Figuras do carnaval recifense, do frevo, do maracatu, do bumba meu boi, e cortadores de cana são frequentemente retratadas em suas pinturas.

 Assombrada,Sofá Mal-Assombrado

 Vestindo a Noiva

No início da década de 1950, sua produção caminha para o abstracionismo, mas sem abrir mão totalmente da figuração. Tal mudança de linguagem explica-se em parte pelo impacto, reconhecido pelo artista, da realização das primeiras Bienais de São Paulo. As telas Ex-Votos e Três Ex-Votos, elaboradas em 1951, são exemplos da solução particular explorada pelo artista nessa fase, que trabalha sobre a figura, pretendendo chegar a sua síntese. Em trabalhos em têmpera, como Dançarinas ou Pássaro Vermelho, ambos de 1952, as cores ganham relevância sobre o desenho. Em telas como Rei e Rainha do Maracatu, de 1959, o artista alcança a síntese das figuras por meio da esquematização geométrica. Ayres volta ao tema em Rainha do Maracatu, de 1972, óleo sobre tela pertencente ao Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand - Masp, com um tratamento mais figurativo.

 Ex-Votos, 1951

 Pássaro Vermelho, 1952

 Rei e Rainha do Maracatu, de 1959

 Rainha do Maracatu, de 1972

No decorrer da década seguinte, Ayres pinta novamente figuras femininas misteriosas, em telas como Vulto na Porta eMulheres com Manto, produzidas em 1964. Nos anos 1970, dedica-se principalmente a pintar a figura feminina da mulata e da morena, em telas como Cabeça de Mulata, de 1970, na qual a mulher é retratada com olhos vazados e volumosos cabelos compridos.
A partir de meados dos anos 1970, produz diversas pinturas em que surgem bichos imaginários usando tinta acrílica. Nesses trabalhos, emprega cores fortes e contrastantes e largos contornos em preto que dão forma a bichos, como pássaros, emas, bois e outros seres inventados.

A grande maioria de seus trabalhos pode ser vista no Instituto Cultural Lula Cardoso Ayres, em Jaboatão de Guararapes, Pernambuco. Criado em 1993 por iniciativa da família, o instituto tem no acervo mais de 300 obras do artista, entre pinturas, desenhos, fotografias, ilustrações e trabalhos gráficos, estudos e projetos de suas cenografias e murais.

Vicente do Rego Monteiro



 A Crucifixão - 1922 

Biografia

}Vicente do Rego Monteiro (Recife PE 1899 - idem 1970). Pintor, escultor, desenhista, ilustrador, artista gráfico. Inicia estudos artísticos em 1908, acompanhando sua irmã Fedora do Rego Monteiro (1889 - 1975) em cursos da Escola Nacional de Belas Artes - Enba, no Rio de Janeiro. Em 1911, viaja com a família para França, onde freqüenta as Academias Colarossi, Julian e de La Grande Chaumière. Participa do Salon des Indépendants, em 1913, do qual se torna membro societário. Em Paris, mantém contato com Amedeo Modigliani (1884 - 1920), Fernand Léger (1881 - 1955), Georges Braque (1882 - 1963), Joán Miró (1893 - 1983), Albert Gleizes (1881 - 1953), Jean Metzinger (1883 - 1956) e Louis Marcoussis (1883 - 1941). No início da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), deixa a França, com sua família, e se estabelece no Rio de Janeiro, em 1915.
}Em 1918, realiza a primeira individual, no Teatro Santa Isabel, no Recife, e dois anos mais tarde expõe pela primeira vez em São Paulo, onde entra em contato com  Di Cavalcanti (1897 - 1976)Anita Malfatti (1889 - 1964)Pedro Alexandrino (1856 - 1942) e Victor Brecheret (1894 - 1955).  Em 1920, estuda a arte marajoara das coleções do Museu Nacional da Quinta da Boa Vista. Movido por uma grande paixão pela dança, realiza em 1921 o espetáculo Lendas, Crenças e Talismãs dos Índios do Amazonas, no Teatro Trianon, Rio de Janeiro, elogiado pelo poeta e crítico Ronald de Carvalho (1893 - 1935). Viaja para França, deixando oito óleos e aquarelas para serem expostos na Semana de Arte Moderna de 1922, em São Paulo. Em 1923, faz desenhos de máscaras e figurinos para o balé Legendes Indiennes de L'Amazonie. Integra-se ao grupo de artistas da galeria e revista L´Effort Moderne, de Leonce Rosemberg.
}Traz ao Brasil a exposição A Escola de Paris, exibida no Recife, São Paulo e Rio de Janeiro. Decora a Capela do Brasil no Pavilhão Vaticano da Exposição Internacional de Paris, em 1937. Em 1946, funda a Editora La Presse à Bras, dedicada à publicação de poesias brasileiras e francesas. A partir 1941, publica seus primeiros versos, Poemas de Bolso, organiza e promove vários salões e congressos de poesia no Brasil e na França. Retorna ao Brasil, e dá aulas de pintura na Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Pernambuco - UFPE, em 1957 e 1966. Em 1960, recebe o Prêmio Guillaume Apollinaire pelos sonetos reunidos no livro Broussais - La Charité. Entre 1966 e 1968, dá aulas no Instituto Central de Artes da Universidade de Brasília - UnB.

Comentário Crítico

}Vicente do Rego Monteiro nasce no Recife e muda-se para o Rio de Janeiro em 1908. Nesse ano inicia os estudos artísticos, acompanhando a irmã Fedora do Rego Monteiro (1889 - 1975) na Escola Nacional de Belas Artes - Enba. Em 1911, a família muda-se para Paris, onde o artista freqüenta os cursos livres da Académie Colarossi e estuda desenho, pintura e escultura nas Académies Julien e La Grande Chaumière. Volta ao Rio de Janeiro em 1915, devido à Primeira Guerra Mundial (1914-1918). No início da carreira, dedica-se brevemente à escultura. Em 1920, realiza exposição de desenhos e aquarelas, apresentada em São Paulo, Rio de Janeiro e Recife. Nessa mostra, já revela o interesse pelas lendas e costumes da Amazônia, que se tornam inspiração para grande parte de suas obras. Estuda atentamente as coleções de cerâmica marajoara do Museu Nacional da Quinta da Boa Vista. 
}Nesse período estabelece contato com artistas ligados ao movimento modernista: Anita Malfatti (1889 - 1964)Victor Brecheret (1894 - 1955) e Di Cavalcanti (1897 - 1976). Viaja para a França em 1921 e deixa algumas pinturas com o crítico e poeta Ronald de Carvalho (1893 - 1935), que decide incluí-las na seleção de obras expostas na Semana de Arte Moderna, de 1922. No início da década de 1920, produz aquarelas nas quais representa lendas indígenas, recorrendo à figuração geométrica e também à ornamentação da cerâmica marajoara, como em Mani Oca e O Boto (ambas de 1921). Retorna nesse ano a Paris, onde convive com os artistas Victor Brecheret e Antonio Gomide (1895 - 1967), com os quais compartilha o interesse pelas estilizações formais do art deco. Na obra A Caçada (1923) o pintor utiliza o recurso de estilização das figuras, que apresentam certa tensão muscular e assumem o aspecto de engrenagens, tendo as obras de Fernand Léger (1881 - 1955) como parâmetro.

 Mani Oca (1921)
}Preocupado em adaptar temas tradicionais da arte sacra a uma linguagem moderna produz Pietá (1924), a qual se destaca pela aparência plástica de relevo e pelo uso de uma gama cromática reduzida, recorrente em sua obra: nuances de ocre, cinza e marrom. O quadro A Crucifixão (1924) apresenta dramáticos efeitos de claro-escuro e é estruturado por meio do rigoroso jogo de linhas horizontais e verticais. Na obra A Santa Ceia (1925) as figuras remetem à arte egípcia e o espaço é ordenado por seções geométricas. Nessa obra, os tons neutros, trabalhados em leves gradações, conferem ao quadro caráter bidimensional.
}O artista revela preocupação com o tema social em Os Calceteiros (1924), mais especificamente com o mundo dos trabalhadores. Dedica-se também às figuras de crianças, muitas vezes representadas ao lado de animais, como em O Menino e os Bichos (1925).


 Pietá (1924)

 A Santa Ceia (1925)
 O Menino e os Bichos (1925)

 Os Calceteiros (1924),

}Realizada no mesmo ano, a tela O Urso é construída por meio de linhas curvas, que se dispõem ritmicamente no espaço e revelam a admiração pelas formas orgânicas e sintéticas do escultor romeno Constantin Brancusi (1876 - 1957). Já em O Atirador de Arco (1925), inspira-se na representação do índio realizada anteriormente por Debret (1768 - 1848). Nessa obra as tensões criadas pela envergadura do arco ecoam em uma sucessão de ondas, em espaço próximo ao do relevo.
}Como nota o historiador Walter Zanini, a década de 1920 foi o período mais produtivo do artista. Na década seguinte, afasta-se da pintura e dedica-se principalmente à ilustração. Em 1930, traz para o Recife uma exposição de artistas da Escola de Paris, que inclui, entre outros, quadros de Pablo Picasso (1881 - 1973), Georges Braque (1882 - 1963), Joan Miró (1893 - 1983), Gino Severini (1883 - 1966), Fernand Léger e suas próprias obras. 

 O Urso

 O Atirador de Arco (1925)
}Essa exposição é importante por ser a primeira mostra internacional de arte moderna realizada no Brasil, com artistas ligados às grandes inovações nas artes plásticas, como o cubismo e o surrealismo. Ao ser apresentada em São Paulo, a mostra foi acrescida de telas de Tarsila do Amaral (1886 - 1973), que o artista conhecera em Paris na década anterior.
}Rego Monteiro, ao longo da carreira, alterna temporadas entre o Brasil e a França. Elabora a parte gráfica e realiza ilustrações para as revistas Renovação e Fronteiras. Poeta e tradutor, incentiva jovens escritores publicando seus textos nessas revistas. A partir da década de 1950, volta a dedicar-se com maior intensidade à pintura, tornando mais constantes em suas obras temas regionais como, em O Vaqueiro (ca.1963) e O Aguardenteiro (fim da década de 1950). Mantém-se fiel à fatura do início da carreira, utilizando grande simplificação formal e uma gama cromática reduzida, às quais alia interpretação monumental do art deco. No fim de sua vida, destaca-se a sua importante atuação como professor de pintura na Escola Nacional de Belas Artes da Universidade Federal de Pernambuco, no Recife, atividade que exerce de 1957 a 1966.

 O Aguardenteiro  (1950)

Anita Malfatti

 Anita Malfatti (com 30 anos de idade): importante artista plástica brasileira

Introdução

Anita Malfatti foi uma importante e famosa artista plástica (pintora e desenhista) brasileira. Nasceu na cidade de São Paulo, no dia 2 de dezembro de 1889 e faleceu na mesma cidade, em 6 de novembro de 1964.

 Vida e obra

Anita Malfatti era filha de Bety Malfatti (norte-americana de origem alemã) e pai italiano. Estudou pintura em escolas de arte na Alemanha e nos Estados Unidos (estudou na Independent School of Art em Nova Iorque). Em sua passagem pela Alemanha, em 1910, entrou em contato com o expressionismo, que a influenciou muito. Já nos Estados Unidos teve contato com o movimento modernista.
Em 1917, Anita Malfatti realizou uma exposição artística muito polêmica, por ser inovadora, e ao mesmo tempo revolucionária. As obras de Anita, que retratavam principalmente os personagens marginalizados dos centros urbanos, causou desaprovação nos integrantes das classes sociais mais conservadoras.

Em 1922, junto com seu amigo Mario de Andrade, participou da Semana de Arte Moderna. Ela fazia parte do Grupo dos Cinco, integrado por Malfatti, Mario de Andrade, Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade e Menotti del Picchia.


Entre os anos de 1923 e 1928 foi morar em Paris. Retornou à São Paulo em 1928 e passou a lecionar desenho na Universidade Mackenzie até o ano de 1933. Em 1942, tornou-se presidente do Sindicato dos Artistas Plásticos de São Paulo. Entre 1933 e 1953, passou a lecionar desenho nas dependências de sua casa.  

Principais obras de Anita Malfatti 

  A boba

 As margaridas de Mário

 Natureza Morta - objetos de Mário

 A Estudante Russa

 O homem das sete cores

 O homem amarelo

 Nu Cubista

  A Chinesa

Arvoredo

 Interior de Mônaco

Cândido Portinari

 Fotografia de Cândido Portinari

Cândido Portinari foi um dos pintores brasileiros mais famosos. Este grande artista nasceu na cidade de Brodowski (interior do estado de São Paulo), em 29 de dezembro de 1903. Destacou-se também nas áreas de poesia e política.
Durante sua trajetória, ele estudou na Escola de Belas-Artes do Rio de Janeiro; visitou muitos países, entre eles, a Espanha, a França e a Itália, onde finalizou seus estudos.
No ano de 1935 ele recebeu uma premiação em Nova Iorque por sua obra "Café". Deste momento em diante, sua obra passou a ser mundialmente conhecida.
Dentre suas obras, destacam-se: "A Primeira Missa no Brasil", "São Francisco de Assis" e Tiradentes". Seus retratos mais famosos são: seu auto-retrato, o retrato de sua mãe e o do famoso escritor brasileiro Mário de Andrade.
No dia seis de fevereiro de 1962, o Brasil perdeu um de seus maiores artistas plásticos e aquele que, com sua obra de arte, muito contribuiu para que o Brasil fosse reconhecido entre outros países. A morte de Cândido Portinari teve como causa aparente uma intoxicação causada por elementos químicos presentes em certas tintas.

Características principais de suas obras:

Retratou questões sociais do Brasil;
- Utilizou alguns elementos artísticos da arte moderna europeia;
- Suas obras de arte refletem influências do surrealismo, cubismo e da arte dos muralistas mexicanos;
- Arte figurativa, valorizando as tradições da pintura.

Principais obras de Portinari:

 Meio ambiente

 Colhedores de café

 Mestiço

 Favelas

 O Lavrador de Café

 O sapateiro de Brodósqui

 Meninos e piões

 Lavadeiras

 Grupos de meninas brincando

 Menino com carneiro

 Cena rural

 A primeira missa no Brasil 

 São Francisco de Assis

 Os Retirantes

Kandinsky

 

Wassily Kandinsky, o pioneiro do abstracionismo nas Artes Plásticas, nasceu na cidade de Moscou, em 16 de dezembro de 1866. Filho de pais divorciados, ele foi educado pela tia, optando a princípio pela música, que posteriormente refletirá em seu trabalho como pintor, pois ela lhe confere noções essenciais de harmonia e evolução. Kandinsky seguiu inicialmente as trilhas acadêmicas, formou-se em Direito e Economia na Universidade de Moscou, mas logo depois desistiu desta profissão, encontrando finalmente seu destino nas veredas das artes visuais, ao se apaixonar por uma tela de Monet.
O artista começou a estudar pintura em Munique - nesta época considerada como um centro artístico -, na escola de Anton Ažbè, mas Kandinsky desencantou-se com esta prática artística, pois tinha uma predileção especial por paisagens. Suas primeiras obras refletiam um toque musical e expressavam também temas do folclore russo. Nesse período, Kandinsky conheceu o pintor Paul Klee, dando início a uma grande amizade. No ateliê do Professor Von Stuck ele permanece até 1900; um ano depois o artista funda a Phalanx (Falange), um grupo de artistas, entre eles Stern, Hüsgen, Hecker e Klee. Pouco tempo depois esta associação encerra suas atividades por carência de alunos, mas suas sementes frutificam posteriormente com o nascimento da Nova Associação dos Artistas de Munique (NKVM). Nesta mesma ocasião, Kandinsky inova ao pintar sobre vidro, técnica inspirada na cultura da Bavária.
Na etapa ainda figurativa do artista, a tela "O Cavaleiro Azul (1903)" reproduz um personagem dos contos de fadas, imagem muito comum na infância de Kandinsky, simbolizando o combate entre o bem e o mal, luta e transformação. Este tema se repete nesta fase do pintor. Em 1908, retorna a Munique, onde edita o ensaio "Do Espiritual na Arte", em 1911, no qual apresenta a arte como expressão de um imperativo interior. Nesta década, o pintor realiza os primeiros trabalhos não figurativos, tornando-se assim o primeiro artista no Ocidente a criar uma pintura abstrata. Ele libera as artes plásticas das cadeias convencionais a que elas se prendiam. Com sua atitude inovadora, influencia profundamente não só esta esfera, mas vários outros setores artísticos.

 O Cavaleiro Azul (1903)

 Do Espiritual na Arte (1911)

Em 1912, a famosa tela acima citada dá nome a um almanaque – Der Blaue Reiter (O Cavaleiro Azul) – e ao primeiro grupo expressionista, de teor lírico, comparado ao caminho mais dramático do grupo Die Brücke, também expressionista. Durante a Primeira Guerra, o artista refugia-se na Rússia, até 1921. Assim, é testemunha da Revolução Socialista, e como membro integrante do Comissariado para a Cultura Popular inaugura vários museus e reconstitui a Academia de Belas Artes de Moscou. A partir de 1922, Kandinsky se torna professor da Bauhaus. Porém, em 1933, esta é fechada pelos nazistas e os trabalhos do pintor são apreendidos em 1937.
Kandinsky foge então para a França e vive em Paris durante um ano, adotando depois a nacionalidade francesa. Nesta cidade ele toma contato com as artes aplicadas – estilo artístico de teor utilitarista, contraposto à arte pela arte - e gráficas, especialmente com o fauvismo, movimento que explora ao máximo o uso das cores nas representações pictóricas. Em Paris, como consequência dos tempos de guerra, Kandinsky sofre com a penúria destes tempos, mas não perde o vigor artístico e prossegue em suas pesquisas. Sua obra, porém, não reflete os vestígios da guerra.
Em 1940, o artista conclui a execução de seu último grande trabalho, “À Volta do Círculo”. Kandinsky continua a pintar pequenos cartões, apesar de estar acometido por uma arteriosclerose, da qual vem a falecer no dia 13 de dezembro de 1944, em Neuilly-sur-Seine, aos 78 anos de idade.

 À Volta do Círculo (1940)

Georges Braque

 Georges Braque: importante pintor do cubismo francês

*Georges Braque foi um escultor, gravurista e pintor modernista francês. É considerado um dos principais representantes do cubismo na França.
*Embora seja reconhecido como um expoente da pintura cubista, Braque, no começo de sua carreira artística se destacou com paisagens fauvistas.
*Georges Braque nasceu na cidade francesa de Argentuil, em 13 de maio de 1882. Faleceu em Paris, no dia 31 de agosto de 1963.

Características de seu estilo artístico (pintura):

*- Pintura de naturezas-mortas.
*- Entre os principais temas preferidos, podemos citar: pássaros, paisagens, mesas de bilhar e interiores. 
*- Retratação de temas abstratos e complexos. 
*- É o inventor da técnica do papel colado (papier collé). Esta técnica consistia na colagem de pedaços de papel na tela.
*- Representação, em suas pinturas, de temas simples e cotidianos.
*- Uso de ornamentos, texturas e cores sutis (características típicas de seus trabalhos nas décadas de 1930 e 1940).

Principais obras de Georges Braque:

 Mastro no porto de Antuérpia (1906)

 O viaduto em L’Estaque (1908)

 Violino e jarro (1910)

 A garrafa de rum (1914)

 cartas e dados (1914)

 A mesa de bilhar (1945)

Igor Stravinski

 A obra de Igor Stravinsky apresenta dissonâncias de difícil assimilação

ž"O Pássaro de Fogo" foi criado em 1910. É um belo poema sinfônico composto por Igor Fiodorovitch Stravinski. Quase cem anos depois, sua música exuberante ainda conquista vastas platéias no mundo todo. Se alguém quiser ouvi-la no cinema, é só assistir a uma das sessões do filme de animação "Fantasia 2000", em que os sons de Stravinski estão associados às mágicas imagens criadas pelos estúdios Disney.

žFilho de um cantor da Ópera Imperial e de uma pianista, Igor Stravinski começou a estudar música aos nove anos. Estudou direito na Universidade de São Petersburgo, mas nunca chegou a exercer a profissão de jurista.

Estudou música com o compositor 
Rimski-Korsakov, que o apresentou ao coreógrafo Diaghilev, para quem compôs os balés "Pássaro de Fogo" e "Petrushka", em 1910 e 1911, respectivamente. O colorido e o dinamismo das novas composições causaram um vivo impacto no público.
Em 1913, a estréia de "Sagração da Primavera" não obteve o mesmo êxito. Com coreografia de Nijinski, a obra apresentava dissonâncias de difícil assimilação para o público. Sua primeira ópera, "O Rouxinol", foi composta em 1914.

Com a eclosão da Primeira Guerra Mundial,
Stravinski foi para a Suíça, onde compôs "História de um Soldado" e "Ragtime".

Com a Revolução de 1917, Igor
Stravinski abandonou a Rússia. Estabeleceu-se na França, apresentando-se como concertista e regente. No começo da década de 1920, casou-se com a atriz Vera de Bosset Soudeikini.
žStravinski passou a compor num particular estilo neoclássico. São dessa época a ópera-oratório "Édipo-Rei", com texto em latim, e o melodrama "Perséfone", com texto de André Gide.

Em 1939,
Stravinski foi morar nos Estados Unidos, onde criou muitas composições sob encomenda. Nos anos 1950, adotou as técnicas musicais de Schoenberg e de Anton Von Webern. Criou a cantata Threni, em 1958, e no ano seguinte "Movimentos para piano e orquestra".

Stravinski realizou sua última gravação em 1967, já com a saúde abalada. Morreu em 1971, aos 88 anos.

Le Corbusier

 ARQUITETO FRANCO-SUÍÇO


¡Le Corbusier é o sobrenome profissional de Charles Edouard Jeanneret-Gris, considerado a figura mais importante da arquitetura moderna. Estudou artes e ofícios em sua cidade natal, na Suíça, e depois estagiou por dois anos no estúdio parisiense de Auguste Perret, na França. Viajou para a Alemanha onde colaborou com nomes famosos da arquitetura naquele país, como Peter Behrens.
¡Le Corbusier foi para Atenas estudar o Partenon e outros edifícios da Grécia antiga. Ficou impressionado com o uso da razão áurea pelos gregos clássicos. O livro "Vers une Architecture" mostra uma nova forma da arquitetura baseada em muitos edifícios antigos que incorporam a razão áurea, uma proporção matemática considerada harmônica e agradável à visão.

O livro "Vers une Architecture"

¡Para o arquiteto, o tamanho padrão do homem era 1,83m. Baseado nisso, em números do matemático Fibonacci (1170-1250) e na razão áurea dos gregos antigos, criou uma série de medidas proporcionais, o Modulor, que dividia o corpo humano de forma harmônica e equilibrada. Baseava-se nisso para orientar os seus projetos e suas pinturas.
¡Tinha 35 anos quando se associou a seu primo, o engenheiro Pierre Jeanneret, em Paris. Foi quando adotou de vez o pseudônimo profissional de Le Corbusier (o corvo, adaptado do sobrenome de sua bisavó Lecorbésier).
¡Embora sua principal carreira tenha sido a de arquiteto, também foi competente na pintura e na teoria artística. Como pintor, ajudou a fundar o movimento purista, uma corrente derivada do cubismo, nos anos 1920. Na revista francesa "L'Esprit Nouveau" (O espírito novo), publicou numerosos artigos com suas teorias arquitetônicas.


As primeiras pinturas de Le Corbusier, foram puristas, apareceu objetos depurado de tipo de desenho, elevação e recortado. Nestas pinturas, a "forma e objeto" relação foi destruído em favor da relação "forma pela forma." Em algum momento deste racionalismo se perdeu na mudança de funções. A silhueta é o que caracteriza o objeto, a homogeneidade das coisas.

¡Uma de suas principais contribuições, afora o repúdio a estilos de época, foi o entendimento da casa como uma máquina de habitar (machine à habiter), em concordância com os avanços industriais. Sua principal preocupação era a funcionalidade. As edificações eram projetadas para serem usadas. Definiu a arquitetura como o jogo correto e magnífico dos volumes sob a luz, fundamentada na utilização dos novos materiais: concreto armado, vidro plano em grandes dimensões e outros produtos artificiais.
¡Uma de suas preocupações constantes foi a necessidade de uma nova planificação urbana, mais adequada à vida moderna. Suas ideias tiveram grande repercussão no urbanismo do século 20. Foi o autor do Plano Obus, para reurbanizar Argel, capital da Argélia, e de todo o planejamento urbano de Chandigarh, cidade construída na Índia para ser a capital do Punjab.
O edifício sede das nações Unidas (ONU), em Nova York, foi desenhado por Le Corbusier, pelo brasileiro Oscar Niemeyer e pelo inglês Sir Howard Robertson, em 1947.
¡Aos 78 anos, Le Corbusier morreu afogado no mar Mediterrâneo. Oito anos antes, havia feito o projeto de seu túmulo, que foi construído imediatamente após a sua morte.

Planta de Chandigarh Projetada


O edifício sede das nações Unidas (ONU), em Nova York


Man Ray



Ray foi um dos pais do movimento dadaísta em Nova York. Trabalhou com diferentes artes – além de pintar, foi autor de colagens, filmes e fotografias experimentais. Desde 1921 até seu regresso forçado aos Estados Unidos em 1940, viveu em Paris, onde realizou sobretudo obras surrealistas e trabalhou como fotógrafo. Suas esculturas, criadas a partir de objetos cotidianos, despertam no espectador uma sensação de estranheza que pode atingir o absurdo. Como fotógrafo, dedicou-se tanto à fotografia de tipo experimental quanto à de moda ou aos retratos, com os quais se converteu no cronista da vanguarda artística de Paris nos anos 20 e 30. São obras importantes dessa época o retrato de Gertrude Stein diante de um quadro de Picasso (1922), bem como as fotografias de Meret Oppenheim (1933) e Henri Matisse (1926). Em 1938, participou na exposição surrealista internacional que se realizou em Paris. De volta à capital francesa em 1950, tornou a expor. Em 1972, o Museu de Arte de Filadélfia dedicou-lhe uma retrospectiva.
 o retrato de Gertrude Stein diante de um quadro de Picasso (1922),
  Meret Oppenheim (1933)

 Henri Matisse (1926)



Fontes


}https://br.pinterest.com/pin/432978951655047368/


http://virusdaarte.net/anita-malfatti-interior-de-monaco/

http://www.doispensamentos.com.br/site/?p=61
http://www.infoescola.com/literatura/modernismo/

http://www.arteduca.unb.br/galeria/mostra-bauhaus/a-volta-do-circulo-1940-oleo-s-tela

*http://www.tate.org.uk/art/artworks/braque-the-billiard-table-t07992

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